O terapeuta sexual e médico João Borzino também fala sobre a frequência ideal da atividade sexual

agosto 23, 2024 Off Por admin

Sexo além de prazeroso pode também pode ser um santo remédio. Ter uma vida sexual ativa pode trazer uma série de benefícios para a saúde.

De acordo com o médico e terapeuta sexual João Borzino sexo frequente e, principalmente com prazer, tem muitas vantagens para a saúde física e mental:

“Journal of Health and Social Behavior” associou a prática sexual rotineira a uma redução no risco de hipertensão em mulheres da terceira idade. Estudo do Instituto de Pesquisa New England, em Massachussts, aponta que atividade sexual contribui para o aumento da frequência cardíaca, que atinge seu pico durante o orgasmo ( que pode chegar a 180 batimentos por minuto). Homens na faixa dos 50 anos de idade, que fazem sexo ao menos duas vezes por semana, correm um risco 45% menor de problemas cardíacos, incluindo diminuição da pressão média o que reduz a incidência de infarto e avc, sem contar que aqueles que mantém ao menos 21 ejaculações mensais tem risco duas vezes menor de desenvolver câncer de próstata ( pesquisa do Instituto Nacional do Câncer em Maryland)”, começa ele.

“Devido a liberação de endorfinas pelo orgasmo, temos grande melhora com as crises de enxaqueca, sono mais reparador , pois também há maior liberação de prolactina e ocitocina, aliviando a ansiedade de uma maneira geral. Assim como, com a diminuição do cortisol basal ( hormônio do estresse), diminuímos o risco de incidência de diabetes, aumento da liberação de testosterona, sistema imune mais forte e detoxificação do organismo como um todo. Ou seja, promove uma bela ajuda no processo de desinflamar o corpo. Cientistas da Universidade McGill, no Canadá, descobriram que mulheres que haviam feito sexo recentemente tinham melhor capacidade de lembrar de muitas palavras, apontando que a atividade sexual estimula conecções neurais importantes em áreas da fala, memória e aprendizado, o que tem tudo a ver com a concentração. Pesquisadores das Universidades de Bristol e Belfast ( Reino Unido), entendem que homens que praticam sexo regularmente vivem mais tempo e com maior qualidade, ou seja, essa promoção de melhoria global da saúde reflete na longevidade. Quando o assunto é autoestima a ligação era de se esperar: Estudantes que fazem sexo casual relatam maior autoestima do que indivíduos mais comprometidos, de acordo com um estudo da Universidade Cornell. E as pesquisas não param”, completa.

Mas será que existe uma frequência ideal? Segundo Borzino, ela varia de acordo com a idade e depende de diversos fatores, como estilo de vida, saúde, características relacionais do casal, autoestima e libido.

“Pesquisas do Instituto Kinsey para Pesquisas em Sexo, Gênero e Reprodução nos Estados Unidos, revela que a frequência tende a decair ao longo dos anos e pode variar de uma vez por semana a uma vez por mês. Os jovens entre 18 e 29 anos têm, em média, 112 relações sexuais por ano, o corresponde a três encontros por semana. Já em adultos de 30 a 39 anos, a média anual cai para 86, o que equivale a 1,6 relações por semana. Já o grupo entre 40 e 49 anos de idade tem 69 sessões por ano ou 1,3 relação semanal, um pouco mais da metade em relação aos mais jovens. Para quem é casado os dados também são diferentes: 34% dos casados têm relações entre duas e três vezes por semana, 45% têm algumas vezes por mês e 13% apenas algumas vezes por ano”, pontua.

O terapeuta sexual diz que estudo revelado no Congresso da Sociedade da Menopausa da América da América do Norte (2016) refere que mulheres heterossexuais sentiram-se mais confortáveis sexualmente com o passar do tempo, tanto pela autoconfiança como pela comunicação com o parceiro, em relação aos primeiros anos de vida sexual. “São mais genitalizadas por conhecerem melhor seus corpos, perdem o medo ou a aflição de uma possível gravidez e zelam pela qualidade do prazer. Frequência alta deixa de ser preocupante pois confiam na qualidade, dispensando a insegurança no relacionamento que está muito ligada a obrigação da frequência”.

Ainda segundo João Borzino, a importância da atividade sexual para nós é imensa, pois é uma forma de comunicação com aspectos específicos, que envolve um padrão de comportamento de gratificação mediado principalmente pela dopamina.

“Sistema esse que submete funções psíquicas ligadas a gratificação com a existência. Portanto tem grande responsabilidade pela liberação de tantos outros neurotransmissores em diversas regiões, levando a uma teia hormonal complexa. Isso faz com que, em interligação com fatores genéticos e epigenéticos, criemos fatores de proteção principalmente para a síndrome metabólica ( hipertensão, colesterol alto, obesidade e diabetes – basicamente). Hoje a grande preocupação mundial de saúde coletiva, é o impacto sócio econômico que os “ organismos inflamados” causam. Doenças derivadas desta base como AVC, doenças coronarianas ( infarto) e demências ( Alzheimer), por exemplo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença de Alzheimer é responsável por 70% dos casos de demência no mundo.” A OMS estima que mais de 50 milhões de pessoas vivam com demência, e que esse número possa aumentar para 150 milhões em 2050. No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas sofrem de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados todos os anos. A OMS prevê que o Brasil seja um dos países mais afetados pela doença no futuro, devido à sua população e rendimento médio e baixo. em 2019, foram gastos 1,3 triliões de dólares em todo o mundo para atender pessoas com demência. A demência é uma das principais causas de incapacidade de idosos e tem um impacto físico, psicológico, social e económico tanto para as pessoas com a doença, como para quem as cuida. O custo social dos cuidados da doença de Alzheimer aumenta drasticamente com o aumento da severidade da doença, sendo a institucionalização o principal motivo”, elucida Borzino.

O especialista destaca que importância da atividade sexual é de prevenir e manter a saúde não só para uma qualidade de vida melhor, mas sim por um mundo melhor e viável também no aspecto econômico.

“A OMS também define a saúde sexual como um “estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade”. A saúde sexual requer uma abordagem positiva e respeitosa da sexualidade e não é a ausência de doença, disfunção ou incapacidade. A saúde sexual tem que tomar sua devida relevância pois é pilar para a longevidade saudável. Cuidar da sexualidade é preservar o ser humano em todos os âmbitos: saúde, física, mental, financeira e econômica para o mundo”, finaliza.